Cega aos 17 anos, Dorina Nowill decidiu que a perda da visão não a deixaria à margem da vida. Continuou a estudar, com a ajuda de colegas que liam para ela, aprendeu o braille, tornou-se a primeira aluna cega a seguir um curso regular para formação de professores no Brasil, graduou-se e, tendo como ideal a inclusão da pessoa cega na sociedade criou, há 65 anos, a Fundação que hoje leva seu nome.
A capacidade de liderança de Dorina fez com que levasse sua luta ao palco mundial. Como a existência de duas organizações falando em nome das pessoas com deficiência visual do mundo enfraquecia a mensagem a ser transmitida, lutou até unificá-las na World Blind Union, que dirigiu com brilhantismo.
No livro, Queiroz não conta apenas dessas lutas, que Dorina registrou na autobiografia ?E eu venci assim mesmo?, mas relata a história de uma decisão corajosa. é o depoimento inédito de como Dorina sentiu que sua criatura, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, ficou maior que a criadora, tão importante para as pessoas cegas e com baixa visão e para o Brasil, que não podia mais ser gerida por ela e o grupo de amigas de imensa boa vontade, mas amadoras.
A obra relata como, ao contrário dos que se aferram a seus cargos, Dorina convocou as amigas para deixarem a Diretoria, ela mesma abandonando o comando da entidade que criou, para convencer empresários de sucesso e administradores profissionais a assumirem sua causa.
Hoje, mais de uma década após a decisão de deixar a presidência da Fundação que desde então cresceu exponencialmente, desenvolveu know how pioneiro e internacional para o livro digital acessível, e assumiu posição de liderança na América Latina, contribuindo decisivamente para a inclusão de milhões de pessoas cegas, essa obra comprova que, como sempre, Dorina tinha razão.

Autor: Luiz Roberto de Sousa Queiroz

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